Responsável pelo voto da maioria, Cármen é a única ministra mulher do STF
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O voto da ministra Cármen Lúcia consolidou nesta quinta-feira (11) a maioria na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus na chamada trama golpista.
Com isso, Bolsonaro, apontado como líder da organização criminosa, já tem maioria formada para ser condenado por cinco crimes:
golpe de Estado;
abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
organização criminosa;
dano qualificado contra patrimônio da União;
deterioração de patrimônio tombado.
Cármen foi a quarta integrante a votar e acompanhou integralmente o relator, Alexandre de Moraes, e o ministro Flávio Dino. Divergiu apenas do ministro Luiz Fux, que absolveu Bolsonaro e outros réus em seu voto apresentado na quarta (10).
Única mulher no STF e presidente do TSE
Única ministra da atual composição do Supremo, Cármen Lúcia também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma das principais instituições atacadas pelo grupo investigado.
No voto desta quinta (11), a ministra reforçou a segurança do sistema eleitoral e rebateu argumentos das defesas que confundiram os conceitos de voto impresso e voto auditável.
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Falas desta quinta: voto da maioria
Durante seu voto nesta quinta, Cármen afirmou que os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 não foram um evento “banal”, mas resultado de uma engrenagem organizada ao longo do tempo:
“O 8 de janeiro de 2023 não foi um acontecimento banal, depois de um almoço de domingo, quando as pessoas saíram para passear. O inédito e infame conjunto de acontecimentos havidos ao longo de um ano e meio para inflar, instigar por práticas variadas de crimes, quando haveria de ter uma resposta no direito penal.”
Também destacou que, em sua visão, Bolsonaro liderou a organização criminosa.
“Eu tenho por comprovado pela Procuradoria-Geral da República que Jair Messias Bolsonaro praticou os crimes que são imputados a ele na condição de líder da organização criminosa.”
Falas anteriores de Cármen
Na fase de aceitação da denúncia, ainda em 2023, Cármen já havia feito um voto duro em defesa da democracia:
“Ditadura mata. Ditadura vive da morte — não apenas da sociedade, da democracia, mas de seres humanos de carne e osso.”
Na etapa das falas das defesas, nesta semana, a ministra chamou atenção ao questionar o advogado de Paulo Sérgio Nogueira:
“Demover de quê? Porque até agora todo mundo diz que ninguém pensou nada, cogitou nada...”, perguntou Cármen, ao ouvir que o ex-ministro teria tentado demover Bolsonaro de medidas extremas.
'Pulsa o Brasil que dói'
No início de seu voto desta quinta, a ministra disse que esta ação penal é um encontro do Brasil com seu passado, presente e futuro.
“O que há de inédito, talvez, nessa ação penal, é que nela pulsa o Brasil que dói.”
Ela citou a historiadora Heloisa Starling para reforçar que “não se faz um golpe em um dia, e o golpe não acaba em uma semana, nem em um mês”.
Trajetória
Cármen Lúcia chegou ao STF em 2006, indicada pelo então presidente Lula. Presidiu a Corte de 2016 a 2018 e, atualmente, ocupa também a presidência do TSE, com mandato até 2026. É a ministra com mais tempo de atuação no Supremo.FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/11/responsavel-pelo-voto-da-maioria-carmen-e-a-unica-ministra-mulher-do-stf.ghtml